Gisele Ramos Martins¹
“As
utopias urbanas, que desde o renascimento foram configuradas em
estabelecimentos finitos, geométricos, murados e circunscritos, nitidamente
separados da natureza ao seu redor, ganham tons de verde.” (ZEIN, 2006, p. 31).
Pode-se com a viagem à Belém
conhecer pessoalmente o trabalho do arquiteto Paulo Chaves, o qual já havia
sido apresentado a nós acadêmicos, através da Professora Patrícia Orfila,
durante as aulas de História da Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Dentre seus
trabalhos o que mais me despertou interesse, não somente pela beleza estética,
mas por seu conceito, foi o Parque Naturalístico Mangal das Garças.
“O que antes era uma área
alagada com extenso aningal transformou-se em mais um belo recanto de Belém. A
transformação foi cuidadosa. O pré-requisito era o aproveitamento máximo das
condições paisagísticas da área. Representando as diferentes macrorregiões
florísticas do Pará: as matas de terra firme, as matas de várzea e os campos,
com sua fauna. Com lagos, aves, vegetação típica, equipamentos de lazer,
restaurante, vistas espetaculares da cidade e do rio, o Mangal das Garças logo
se tornou um dos pontos turísticos mais elogiados de Belém.”
Compreendendo a uma área de
34,7 mil metros quadrados, foi inaugurado em janeiro de 2005 e está localizado
às margens do rio Guamá, no centro histórico de Belém.
O Parque possui vários
ambientes, podendo, a partir de seu desenho, ser dividido em dois setores bem
distintos, o primeiro com a presença maior de edificações conglomeram-se: O
Armazém do Tempo, localizado depois do estacionamento e da portaria (na entrada
do Mangal das Garças), antigamente este galpão era utilizado como uma oficina
para o concerto de embarcações. Hoje ele expõe livros, CDs, artesanato e
plantas destinados à venda.
Compondo este primeiro setor
há um edifício construído com madeira de ipê e seu telhado revestido por palha.
Os pisos internos são constituídos por pedra-sabão. Seu primeiro pavimento compreende
um agradável restaurante chamado Manjar das Garças e no térreo dessa edificação
está localizado o Memorial Amazônico da Navegação, um local onde o visitante
conhece a evolução dos meios de transporte da navegação.
Figura
01 - Mangal das Garças: Mapa do Mangal das Garças em frente à Fonte de
Caruanas. Fonte: Gisele Ramos Martins/2013
A
partir da praça inicia-se o segundo setor. É na Fonte de Caruanas, uma linda
cascata, onde nasce um riacho e os lagos Cavername e Lago da Ponta, dois lagos
artificiais, nos quais estão presentes aves pernaltas, marrecas e quelônios.
No
borboletário (Reserva José Márcio Ayre) foi criado um sombrite que cobre o
local e permite um controle natural da luz externa, abrigando cerca de 600
espécimes, já no orquidário há aproximadamente 360 plantas expostas. Passando
pelo Viveiro das Aningas, a sua estrutura metálica sustendo uma tela, permite o
visitante interagir com os pássaros ali presentes. Outro espaço maravilhoso que
o visitante pode desfrutar é o Farol de Belém, com 47 metros de altura oferece
uma visão de 360º da cidade.
“Caminhos,
passarelas e pontes intercaladas por recantos com pérgulas se sucedem,
alcançando os vários pontos de interesse [...] O imenso aningal recuperado
atingiu 7 m de altura, com folhas de 1,5 m, fechando a vista do rio; em
contraponto, uma passarela de madeira, partindo do terraço de acesso ao
restaurante, avança sobre o rio e finaliza em um pavilhão elevado, que permite
a visão das torres da Feliz Lusitânia.” (ZEIN, 2006, p. 96).
Figura
02 - Mangal das Garças: Interação fauna e flora. Fonte: Gisele Ramos
Martins/2013
Segundo
o arquiteto Paulo Chaves, o Mangal é o exemplo de como poderia ser a orla de
Belém se a cidade não tivesse sofrido, durante décadas, com a cobiça da
privatização. Mas ainda é possível fazer outros Mangais, em áreas
subutilizadas, com a desapropriação de alguns locais, em parceria com algumas
instituições da iniciativa privada, que poderiam ceder áreas para serem transformados
em parques, praças, logradouros, integrados com a água, como foi Belém nos seus
primórdios.
Sendo
um dos seus principais objetivos o de preservar a natureza, o espaço cria um
meio de educação ambiental no qual o visitante interage com o meio ambiente,
conscientizando a população da importância da fauna e flora da região. O Parque
Mangal das Garças não possibilita apenas um lugar de lazer, mas também um ponto
turístico que por suas consequências traz benefícios para a economia da cidade.
“Vista do alto não há dúvida. Belém é uma
metrópole emoldurada pela floresta. Do chão, em meio à modernidade dos prédios
e aridez dos asfaltos, a certeza não é tanta. Ao menos que você esteja no
Mangal das Garças, que representa um pedaço de toda a riqueza amazônica em
plena cidade, um Oasis para os que valorizam a natureza.” (ORGANIZAÇÃO SOCIAL
PARÁ, 2000).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ORGANIZAÇÃO SOCIAL PARÁ, 2000. Mangal das
Garças, disponível em <http://www.mangalpa.com.br>, acesso em
janeiro 2014.
PORTAL JORNAL
POPULAR - Todos os direitos reservados, 2014. Disponível em <http://portaljornalpopular.com.br/ver_detalhes/3/175>, acesso em
janeiro 2014.
VIA INFORMAÇÃO, página rural, 2006. Disponível
em <http://www.paginarural.com.br/noticia/31649/para-mangal-das-garcas-e-referencia-nacional-na-reproducao-de-especies-da-amazonia>, acesso em
janeiro 2014.
ZEIN, Ruth Verde. KLIASS, Rosa: desenhando
paisagens, moldando uma profissão. São Paulo: Editora SENAC, 2006.
1 - Acadêmica do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Fundação Universidade Federal do Tocantins.
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