O material publicado neste blog é resultado dos trabalhos desenvolvidos na disciplina História da Arquitetura e do Urbanismo no Brasil, do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Tocantins. Os temas dos artigos resultaram da Visita técnica realizada à cidade de Belém do Pará, nos dias 6 e 7 de dezembro de 2013, coordenada pela professora Patrícia Orfila, responsável pela disciplina.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Parque Mangal das Garças: Refletindo a beleza do Pará



Gisele Ramos Martins¹
“As utopias urbanas, que desde o renascimento foram configuradas em estabelecimentos finitos, geométricos, murados e circunscritos, nitidamente separados da natureza ao seu redor, ganham tons de verde.” (ZEIN, 2006, p. 31).
Pode-se com a viagem à Belém conhecer pessoalmente o trabalho do arquiteto Paulo Chaves, o qual já havia sido apresentado a nós acadêmicos, através da Professora Patrícia Orfila, durante as aulas de História da Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Dentre seus trabalhos o que mais me despertou interesse, não somente pela beleza estética, mas por seu conceito, foi o Parque Naturalístico Mangal das Garças.
“O que antes era uma área alagada com extenso aningal transformou-se em mais um belo recanto de Belém. A transformação foi cuidadosa. O pré-requisito era o aproveitamento máximo das condições paisagísticas da área. Representando as diferentes macrorregiões florísticas do Pará: as matas de terra firme, as matas de várzea e os campos, com sua fauna. Com lagos, aves, vegetação típica, equipamentos de lazer, restaurante, vistas espetaculares da cidade e do rio, o Mangal das Garças logo se tornou um dos pontos turísticos mais elogiados de Belém.”
Compreendendo a uma área de 34,7 mil metros quadrados, foi inaugurado em janeiro de 2005 e está localizado às margens do rio Guamá, no centro histórico de Belém.
O Parque possui vários ambientes, podendo, a partir de seu desenho, ser dividido em dois setores bem distintos, o primeiro com a presença maior de edificações conglomeram-se: O Armazém do Tempo, localizado depois do estacionamento e da portaria (na entrada do Mangal das Garças), antigamente este galpão era utilizado como uma oficina para o concerto de embarcações. Hoje ele expõe livros, CDs, artesanato e plantas destinados à venda.
Compondo este primeiro setor há um edifício construído com madeira de ipê e seu telhado revestido por palha. Os pisos internos são constituídos por pedra-sabão. Seu primeiro pavimento compreende um agradável restaurante chamado Manjar das Garças e no térreo dessa edificação está localizado o Memorial Amazônico da Navegação, um local onde o visitante conhece a evolução dos meios de transporte da navegação.

Figura 01 - Mangal das Garças: Mapa do Mangal das Garças em frente à Fonte de Caruanas. Fonte: Gisele Ramos Martins/2013


A partir da praça inicia-se o segundo setor. É na Fonte de Caruanas, uma linda cascata, onde nasce um riacho e os lagos Cavername e Lago da Ponta, dois lagos artificiais, nos quais estão presentes aves pernaltas, marrecas e quelônios.
No borboletário (Reserva José Márcio Ayre) foi criado um sombrite que cobre o local e permite um controle natural da luz externa, abrigando cerca de 600 espécimes, já no orquidário há aproximadamente 360 plantas expostas. Passando pelo Viveiro das Aningas, a sua estrutura metálica sustendo uma tela, permite o visitante interagir com os pássaros ali presentes. Outro espaço maravilhoso que o visitante pode desfrutar é o Farol de Belém, com 47 metros de altura oferece uma visão de 360º da cidade.
            “Caminhos, passarelas e pontes intercaladas por recantos com pérgulas se sucedem, alcançando os vários pontos de interesse [...] O imenso aningal recuperado atingiu 7 m de altura, com folhas de 1,5 m, fechando a vista do rio; em contraponto, uma passarela de madeira, partindo do terraço de acesso ao restaurante, avança sobre o rio e finaliza em um pavilhão elevado, que permite a visão das torres da Feliz Lusitânia.” (ZEIN, 2006, p. 96).



Figura 02 - Mangal das Garças: Interação fauna e flora. Fonte: Gisele Ramos Martins/2013

Segundo o arquiteto Paulo Chaves, o Mangal é o exemplo de como poderia ser a orla de Belém se a cidade não tivesse sofrido, durante décadas, com a cobiça da privatização. Mas ainda é possível fazer outros Mangais, em áreas subutilizadas, com a desapropriação de alguns locais, em parceria com algumas instituições da iniciativa privada, que poderiam ceder áreas para serem transformados em parques, praças, logradouros, integrados com a água, como foi Belém nos seus primórdios.
Sendo um dos seus principais objetivos o de preservar a natureza, o espaço cria um meio de educação ambiental no qual o visitante interage com o meio ambiente, conscientizando a população da importância da fauna e flora da região. O Parque Mangal das Garças não possibilita apenas um lugar de lazer, mas também um ponto turístico que por suas consequências traz benefícios para a economia da cidade.
“Vista do alto não há dúvida. Belém é uma metrópole emoldurada pela floresta. Do chão, em meio à modernidade dos prédios e aridez dos asfaltos, a certeza não é tanta. Ao menos que você esteja no Mangal das Garças, que representa um pedaço de toda a riqueza amazônica em plena cidade, um Oasis para os que valorizam a natureza.” (ORGANIZAÇÃO SOCIAL PARÁ, 2000).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ORGANIZAÇÃO SOCIAL PARÁ, 2000. Mangal das Garças, disponível em <http://www.mangalpa.com.br>, acesso em janeiro 2014.
PORTAL JORNAL POPULAR - Todos os direitos reservados, 2014. Disponível em <http://portaljornalpopular.com.br/ver_detalhes/3/175>, acesso em janeiro 2014.
ZEIN, Ruth Verde. KLIASS, Rosa: desenhando paisagens, moldando uma profissão. São Paulo: Editora SENAC, 2006.

1 - Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Fundação Universidade Federal do Tocantins.

 



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