Daniel Coelho de Andrade Reis1
Em uma fantástica viagem oferecida a quarenta e
dois alunos, do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Tocantins
(UFT), teve-se o privilegio de conhecer melhor a histórica capital do Pará,
Belém. Esta cidade, que já foi conhecida como a "Francesinha do
Norte", ainda é merecedora do título pela ostentação de suntuosos casarões
centenários - retratos do período de comercialização da borracha, um exemplo
disso é o complexo de lazer Parque da Residência. A antiga residência oficial
dos governadores paraenses é um ícone de luxo e beleza localizado no centro da
cidade, na Avenida Magalhães Barata. O Parque é a revitalização da identidade
local, deixada como herança pelos antepassados e revisto pelos contemporâneos.
Este local foi também o palco de uma grandiosa palestra aos alunos que estavam
em visita técnica à capital paraense, fora oferecida uma bela recepção,
proporcionada pelo arquiteto e também secretario de cultura Paulo Chaves
Fernandes. O arquiteto por sua vez foi o responsável pela restauração deste e
de inúmeros outros patrimônios históricos de Belém.
O início e os primeiros anos da Residência
No início do século passado, foi erguido, em
terreno localizado na antiga Avenida Independência, o Palacete Residencial em
estilo eclético - recursos do neoclássico misturados a outros elementos
estilísticos e decorativos. Consta, em jornais da época, que o palacete foi
alugado ao Estado para ser utilizado como residência dos governadores Enéas
Martins e Lauro Sodré, mas oficialmente, em 1933, o primeiro inquilino a morar
foi o interventor federal Magalhães Barata, quando o terreno foi adquirido pelo
Estado para ser a Residência Oficial do Governador do Pará.
No palacete foram hospedadas, em várias oportunidades, personalidades do mundo
oficial, dentre elas Eurico Gaspar Dutra, ministro da guerra e depois
presidente da Republica, nos dias 24 e 25 de setembro de 1943; O marechal
Arthur da Costa e Silva, ministro do Exercito em campanha para presidente e
depois o chefe do Governo; E o presidente Humberto de Alencar Castelo Branco e
sua comitiva, composta de vários ministros de Estado. (SECULT/PA; 2000).
“O
local foi erguido na virada do século XIX para o XX. Transpirava-se a Belle
Époque, período áureo da borracha na Amazônia. O palacete foi construído pela
família Pombo para fins residenciais.” (MAGALHÃES; 2007).
Imagem: Palacete Residencial
(Foto: Patrícia Castro, 2013).
“O último governador do Estado a morar todo o
mandato no palacete foi Jader Fontenelle Barbalho – 1982 a 1986. Seguido por
Hélio Mota Gueiros, que lá residiu parte do governo – entre 1986 e 1990 –
mudando-se para a granja do Icuí, em Ananindeua.” (MAGALHÃES; 2007).
Tombamento
“O palacete é tombado como patrimônio histórico
do Estado e tem o estilo eclético – recurso do neoclássico misturado a outros
elementos estilísticos e decorativos. Na parte interna, ele conta com lustres
europeus, acabamento em madeira da Amazônia, o piso é em parques (taco) e o
teto é elaborado em detalhes também de madeira. Desde a sua revitalização,
ocorrida em 1998, no palacete está sediada a Secretaria Executiva de Cultura
(SECULT) e a administração dom Parque da Residência.” (MAGALHÃES; 2007).
O
conjunto histórico sobreviveu até 1981 quando foi tombado pelo
Estado e desativado como residência oficial do governador, em 1992. Em 1995, o núcleo de arquitetos da SECULT, coordenado pelo secretário da Cultura, o arquiteto Paulo Chaves Fernandes, iniciou a elaboração do projeto de restauro e revitalização daquele patrimônio, patrocinado pelo Governo do Pará, através da Secult, em parceria com o Ministério da Cultura/Mecenato, Embratel, Banco Real e Agropalma, que passou a ser denominado Parque da Residência, inaugurado oficialmente em 1998.
Estado e desativado como residência oficial do governador, em 1992. Em 1995, o núcleo de arquitetos da SECULT, coordenado pelo secretário da Cultura, o arquiteto Paulo Chaves Fernandes, iniciou a elaboração do projeto de restauro e revitalização daquele patrimônio, patrocinado pelo Governo do Pará, através da Secult, em parceria com o Ministério da Cultura/Mecenato, Embratel, Banco Real e Agropalma, que passou a ser denominado Parque da Residência, inaugurado oficialmente em 1998.
No projeto, o palacete recebeu minuciosa
restauração. Foram recuperadas as linhas arquitetônicas originais, assim como
as peças de sua decoração que conseguiram resistir ao tempo: lustres de
cristal, mobiliário e etc. Também foi revitalizado o busto "Clair de
Lune", peça de petit bronze, que estava relegada à condição de ferro velho
no depósito do palacete residencial. A peça foi restaurada por Fernando Luiz
Pessoa e está exposta no interior do palacete. O brasão das armas do Estado
também embeleza a fachada do Parque. Hoje o palacete abriga a sede da
Secretaria Executiva de Cultura (Secult), responsável pela administração do
local.
Imagens do lustre e da parte interna não foram
possíveis de serem extraídas do local, devido a motivos de segurança e por questões
de preservação dos objetos, os estudantes não foram autorizados a fotografar a
parte interior do palacete.
Imagem: À direita: O secretário de Cultura do
estado do Pará, o Arquiteto Paulo Chaves Fernandes, ao seu lado a professora
Drª Patrícia Orfila e o arquiteto Marcel Campos à esquerda ao lado de Amarílis Tupiassu.
(Foto: Fernanda Alencar, 2013).
Elementos
da Paisagem
Para o jardim foram criados vários ambientes a
começar pelo orquidário, logo na entrada, pela Avenida Magalhães Barata. O
orquidário expõe espécies existentes na flora pan-amazônica, cultivadas no
viveiro criado na UFRA, especialmente para atender o Parque. Ao lado do
orquidário, o pavilhão Frederico Rhossard é utilizado para lançamento de
livros, apresentação de bandas de música e outros eventos do gênero. Em
seguida, encontra-se um espaço com fonte e chafariz, flanqueado por bancos, a
Praça das Águas. Sentado ao banco, uma surpresa: a estátua de Ruy Barata,
pensativo, criação e execução do artista plástico e arquiteto Luiz Fernando
Pessoa, dando ao lugar o nome de Canto do Paranatinga.
(SECULT/PA; 2000).
Grande parte da área apresenta cobertura
vegetal significativa, representada por arvores de grande porte, com altura em
alcançando em geral 20 metros, com espécies variadas, entre as quais,
mangueira, seringueira, jambeiros, cupuaçuzeiro, dentre outras espécies.
(SECULT/PA; 2000).
A disposição de todos os elementos, tanto as
definições quanto a vegetação, definiram uma compartimentação paisagística da
área, que foi determinante e condicionante do tratamento que foi conferido à
mesma. O projeto foi concebido, dotando-se cada um dos comprimentos com tratamentos
diferenciados, adequando as condições paisagísticas específicas. (SECULT/PA;
2000).
Imagem: Alunos da Universidade Federal do Tocantins admirando a estátua do cantor e compositor Ruy Barata, confeccionada com fibra de vidro e preenchida com concreto.
(foto:
Patrícia Castro 2013)
“No Parque da Residência, encontramos também o
Gasebo, isto é, o Restô do Parque, construído em 1980, em madeira e vidro e que
funciona como restaurante climatizado; a alameda Beija-flor, onde há exemplares
da flora amazônica, como orquídeas e réplicas de estátuas que ornam o Theatro
da Paz e que dá acesso à rua 3 de Maio. Tem também a praça do Trem, local onde
se encontra uma sorveteria e o vagão pertencente ao trem da extinta estrada de
ferro Belém-Bragança (EFB) – inaugurada em 1884 e que deveria ir até o
Maranhão, no Nordeste do país, mas sequer chegou a Bragança, nordeste do Pará.”
(MAGALHÃES; 2007).
Sorveteria
Vagão
Seguindo em direção à
Alameda das Icamiabas, que corta o parque em toda a sua extensão, mostrando
detalhes de desenhos indígenas (Marajoaras), chegamos ao Restô do Parque, que
funciona para almoço, com Buffet a
quilo internacional, e jantar, com cardápio a la carte, com destaque a pratos típicos da região. Mais adiante,
outra praça, desta vez a Praça do Trem, onde está localizado um velho vagão da
finada Estrada de Ferro Belém-Bragança, que restaurado virou a Sorveteria Vagão
onde são servidos sorvetes com os especialíssimos sabores da Amazônia frutas como
cupuaçu, murici, graviola, bacuri, etc.
O Teatro: Estação Gasômetro.
Imagem: Estação
Gasômetro
(Foto: Fernanda Alencar, 2013).
Encontramos
o anfiteatro para apresentações ao ar livre. E também, a Estação Gasômetro, antiga
estrutura de ferro, que pertenceu à Companhia de Gás do Pará, agora, é um
teatro com capacidade para 400 pessoas, onde são apresentados espetáculos de
música e artes cênicas. No teatro, o público tem acesso à lojinha de artesanato
e produtos culturais, tais como livros e revistas. Nas proximidades da loja
mais uma das relíquias que compõe a história dos paraenses, o antigo cadillac
oficial do governo do Estado, adquirido pelo governador Magalhães Barata, na
década de 50, sendo o único modelo daquele ano existente no Brasil. Sem duvidas
um trabalho de restauração grandioso que enche os olhos de quem vê.
A estrutura original do galpão, que pertencia
ao antigo gasômetro de Belém foi remontada no fundo das áreas antiga residência
dos governadores, após a demolição de uma garagem ali existente. As peças
sofreram jateamento de areia, foram substituídas as partes faltantes de acordo
com o modelo original e receberam tratamento antiferruginoso e pintura com
esmalte sintético, cor verde colonial, referencia 100/0674. (SECULT/PA;
2000).
Imagem: Cadillac oficial do governo do Estado.
(Foto:
Fernanda Alencar, 2013).
Em 1956, Magalhães barata, na época de governador
do Estado, adquiriu um automóvel Cadillac, ano 1950. O veiculo do tipo
conversível era usado apenas dois dias do ano – 5 e 7 de setembro nos desfiles
escolar E militar, respectivamente – ou durante a visita de autoridades
nacionais ou estrangeiras.
Dirigir o Cadillac durante as
solenidades oficiais era o desejo de todos os motoristas da década de 60 e 70
que trabalhavam no governo do estado. Segundo Orlando Calvinho, um desses
motoristas, “a responsabilidade de conduzir uma alteridade nesse automóvel era
a mesma em outro veiculo, mais a importância do carro e sua beleza,
transformavam todas as viagens em momentos inesquecíveis”. (SECULT/PA; 2000).
MAGALHÃES. Cleide. Parque da Residência. Ex- recanto dos governadores, agora da população. Diário do Pará. Brasil. Belém/PA, 2007.
SECULT/PA. Pará. Secretaria de Cultura do estado. Parque da Residência e Estação Gasômetro. Parque da Residência - Série Restauro, V.2. Brasil. Belém/PA, 2000.
1- Acadêmico do curso de Arquitetura e
Urbanismo, pela Universidade Federal do Tocantins, no período vigente 2013/2.
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