Guilherme Henrique e Silva
Estudante de Arquitetura e Urbanismo (UFT)
Professora orientadora: Patrícia Orfila
A Praça Batista
Campos – No início do século XIX, época em que a região norte viveu a chamada
Belle Époque, a Praça Batista Campos era uma propriedade particular conhecida
como “Largo da Salvaterro”. Após a morte de sua proprietária o espaço foi
transformado em praça publica. Em suas principais características, incluem-se o
ajardinamento, sem grandes plantas
ornamentais, córregos, pontes, bancos, caramanchões, chafarizes e coretos de
ferro. Ao ser comparado com a Praça dos Girassóis- Palmas TO, levantamos
algumas indagações como o conforto ambiental que é um dos pontos mais críticos
a ser trabalhado nas áreas verdes de Palmas.
Na era da Borracha ou ciclo da borracha, Belém
vivenciou a Belle Époque, momentos de luxo e glamour, Belém e Manaus eram na
época consideradas as cidades brasileiras das mais desenvolvidas e umas das
mais prosperas do mudo, principalmente Belém, não só pela sua posição
estratégica, mas também porque sediava num maior numero de residências de
seringalistas, casas bancarias e outras importantes instituições.
Naquele tempo (XIX), com a expansão das relações
econômicas e sociais entre os continentes e diferentes países, permitiu
absorver os progressos técnicos da industrialização mundial.
Assim sendo, a partir dos anos 80’s do século XIX
essas capitais experimentaram um fluente processo de urbanização, com profundas
modificações em seus traços arquitetônicos, paisagísticos, comportamentais e
artísticos pautados nos modelos europeu, em especial no ethos parisiense.
Com essas introduções de técnicas de construção permitidas pela Revolução Industrial, podemos afirmar que a implantação de
coretos nas praças de Belém, foi resultado do processo de evolução
principalmente das tecnologias das matérias e da urbanização entre os séculos XIX e XX. Essa iniciativa de criar praças,
bosques, jardins foram influencias europeias impostas na época.
A uma viagem a trabalho de Faculdade, presenciamos e
vivemos por alguns dias esse espetáculo de mistura urbana e arquitetônica. Em
nossa primeira visita a Belém, fomos conhecer a Praça Batista Campos. Todos os
sentidos foram aguçados. Uma riqueza de biodiversidade, onde existem mais de 21
espécies, identificadas são 20, sendo 12 nativas da região amazônica e oito
vindas de outras regiões, juntamente com detalhes arquitetônicos que relembrou
a bons tempos vividos na Europa.
Ao passear pela Praça Batista Campos, por vários
momentos um Déjà vu se manifestava. As sensações eram muito
parecidas de quando passeava nas praças e bosques Românticos da Europa. Os
postes de iluminação da época Belle Époque, como não falar do coreto de ferro e
as árvores de copas intermináveis, essa
me chamou muita atenção, espécies de varias regiões como dito anteriormente.
Uma biodiversidade de séculos que hoje repercute para uma excelente convivência
naquele local, tanto pela beleza como também pelo conforto ambiental projetada
pelas sombras. Por ser uma capital considerada quente, suas árvores
(principalmente as mangueiras), é patrimônio tombado pela capital.
A Praça Batista Campos, em Belém-PA, é um bom
exemplo de espaço que proporciona uma maior qualidade de vida às populações
adjacentes. A Praça foi fundada em 1904, durante o governo do intendente
Antônio Lemos, e possui um estilo baseado no romantismo inglês (SOARES, 2011).
Vale ressaltar que nestas Praças houve grandes
mudanças, as quais acompanharam os estilos e as tendências de cada época,
entretanto, não houve a renovação ou eliminação de indivíduos arbóreos e sim a
inserção de outros indivíduos, nativos ou exóticos (SOUZAal.,2011),
evidenciando-se a necessidade de se fazer estudos com estes indivíduos.
Ressalta-se a importância da comunidade na preservação das praças e na tomada
de decisões acerca dos problemas relativos à mesma (KRASILCHIK in SOUZA
&POLETTO, 2007)
Palmas como a mais nova capital planejada do Brasil,
possui uma vasta área urbana, com praças e parques. A utilização dessas áreas
comparada a Belém é inquestionável e o principal motivo para essa falta de
utilização seria o conforto gerado pelas sombras das árvores que Palmas não possui.
O projeto vencedor do “Concurso Nacional de Estudos Preliminares de Arquitetura Paisagística de Palmas/Tocantins”, promovido em 1992 pelo Governo do Estado de Tocantins e organizado pelo IAB – DF. Estudo Preliminar, Anteprojeto, Projeto Básico, Projeto de Geometria, Paginação de Piso e Locação de Mobiliário Urbano, Projeto Executivo e Detalhamento, Projeto de Plantação para toda a Cidade: o projeto paisagístico para o complexo Praça dos Girassóis resolveu trabalhar com base na estrutura do bioma local, o mosaico natural dos cerrados: florestas e veredas, savanas, campos e seus ecótones.
O concurso
colocava uma difícil questão de escala: a Praça dos Girassóis, marco inicial da
nova capital em construção, onde se localiza o centro administrativo estadual,
com aproximadamente 60 ha, sendo dividida em quatro partes pelo cruzamento das
duas avenidas principais da cidade, uma com 36m e outra com 150m de largura –
grandes vazios separando as quadras e edifícios públicos que demandavam um
sentido urbano deixado a cargo do tratamento paisagístico. Situação esta
agravada pelo clima da região, de verões quentes e úmidos e invernos secos,
onde amplo sombreamento tornava-se desejável, mas sem prejuízo das espaços com
características cívicas.
O clima quente, como Belém, e a necessidade de sombras são fundamentais para uma boa convivência. Palma possui recursos naturais que poderiam promover uma maior inter-relação entre as pessoas, porém o caminho a ser percorrido para chegar a esses locais são macros e sem qualquer conforto para que as pessoas possam ir caminhando ou de bicicletas, sem ter que tirar o carro da garagem e ligar o condicionador de ar para poder sentir um pouco menos de desconforto.
Apesar da
função primordial de viabilizá-la climaticamente, além de humanizá-la, o
tratamento paisagístico de Palmas considerou as peculiaridades e características
inerentes ao sistema savanícola brasileiro – o Cerrado – como elemento
principal de referência de fonte de inspiração. Assim, o componente vegetal
espontâneo da flora regional predominará na paisagem urbana. Com o intuito de
reforças a identificação do bioma, o tratamento paisagístico dividiu-se para
melhor representar o Cerrado. Ao longo das vários eixos viários e,
especialmente, em seu ponto de convergência, a Praça – Parque, onde estão o
Palácio do Governo e demais prédios administrativos, encontrar-se-ão diversas
composições florísticas que, auxiliadas por elementos próprios da geomorfologia
local, proporcionarão uma significativa representação dos ecossistemas e de
suas principais características: os campos limpos, os campos sujos, ao campos
rupestres, os tratos de cerrado, de cerradões e suas veredas.
Porem, até hoje
o projeto paisagístico não saiu do papel. Palmas convive com a ausência da
arborização e suas sombras. Uma praça desse porte com sua centralidade e poder atrativo deveria ser
mais cuidada e promovida, principalmente no quesito conforto como já falado.
Sobre esse cuidado em relação ao conforto ambiental e os tipos de vegetação a ser usado, Juan e Lucia Mascaró explicam bem em seu livro : “ Vegetaçao Urbana”
“A vegetação atua nos microclimas urbanos contribuindo para melhorar a ambiência urbana sob diversos aspectos:
-ameniza a radiação solar n estação quente e modifica a temperatura e a umidade relativa do ar do recinto através do sombreamento que reduz a carga térmica recebida pelos edifícios, veículos e pedestres;
-quando em grandes quantidades, interfere nas frequências das chuvas;
-através da fotossíntese e da respiração, reduz a poluição do ar.”
(MASCARÓ, Juan e Lucia – Vegetaçao Urbana, 3º edição, Ed. Masquatro /2010, pag.40)
Sobre esse cuidado em relação ao conforto ambiental e os tipos de vegetação a ser usado, Juan e Lucia Mascaró explicam bem em seu livro : “ Vegetaçao Urbana”
“A vegetação atua nos microclimas urbanos contribuindo para melhorar a ambiência urbana sob diversos aspectos:
-ameniza a radiação solar n estação quente e modifica a temperatura e a umidade relativa do ar do recinto através do sombreamento que reduz a carga térmica recebida pelos edifícios, veículos e pedestres;
-quando em grandes quantidades, interfere nas frequências das chuvas;
-através da fotossíntese e da respiração, reduz a poluição do ar.”
(MASCARÓ, Juan e Lucia – Vegetaçao Urbana, 3º edição, Ed. Masquatro /2010, pag.40)
Temos também a função do sombreamento que é de fundamental importância e Mascaró relata sobre, dizendo assim:
“Uma das funções mais importantes da arborização no meio ambiente urbano, principalmente em locais de clima tropical e subtropical úmido... Além disso , diminui as temperaturas superficiais dos pavimentos e fachadas da edificação, assim como a sensação de calor dos usuários, tanto pedestres quanti motorizados.”
(MASCARÓ, Juan e Lucia – Vegetaçao Urbana, 3º edição, Ed. Masquatro /2010, pag.40)
Algumas imagens feitas na Praça Batista Campos comparando sua massa arbórea
da Praça dos Girassóis:
Foto: Praça Batista Campos/Lago. Fonte: Guilherme H.
Silva
Praça dos Girassóis, Fonte: http://www.mochileiros.com/palmas-tocantins-guia-de-informacoes-t41303.html
Foto
Praça Batista Campos/lago/garça. Fonte: Guilherme H. Silva
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Referências
Bibliográficas:
SARGES, Maria de Nazaré – Livro: Bélem, riquezas
produzindo a Belle Époque (1870-1912) 3º ediçao Ed. Paka-tatu/2010
MASCARÓ,
Lucia e Juan Luís - Vegetação Urbana - 3° edição, Editora Masquatro, Porto
Alegre/2010.
Artigos
História de Belém
Conforto ambiental
Paisagismo em Palmas
27/01/2014
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