Por Fernanda Alencar
Em 25 de março de 1850, foi aprovado o Regulamento da Soledade, alterado pela Resolução nº 181 de 9 de dezembro do mesmo ano. Entre os dispositivos dessa Resolução figurava a obrigatoriedade do enterramento no cemitério, de todas as pessoas falecidas na cidade de Belém; mantida na cidade e proibição dos sepultamentos no interior das igrejas ou nos adros das mesmas, ou em cemitério a eles anexos. A infração era punida com a multa de quarenta mil réis e 30 dias de prisão.
O Cemitério Nossa Senhora da Soledade, foi inaugurado em 8 de janeiro de 1850 e conta com uma capela de mesmo nome, símbolo de que as relações com os mortos não foram totalmente modificadas, ignorando o discurso higienista. “Para a Igreja e determinados segmentos sociais como alguns políticos, o lugar dos mortos era no meio dos vivos, ou seja, dentro das igrejas para que os vivos jamais os esquecessem e quando fossem à Igreja, se lembrassem de rezar por suas almas” (SILVA, 2005 p. 19).
Foto 1. Primeiro registro fotográfico do cemitério por Felipe Fidanza (década de 1870). Disponível em: < http://acervo.bndigital.bn.br/sophia/index.asp?codigo_sophia=27885> |
Foto 2. Mausoléu da família Antônio Teodorico da Silva Penna. Fernanda Alencar (2013) |
E ainda havia uma hierarquia social quanto à ocupação dos sepulcros. Os mausoléus mais expressivos ficam no centro do cemitério, ao longo do corredor central pertencem à militares como o Capitão Manoel Barata, o Tenente-coronel Raimundo Pereira Lima e o Major Gaspar Leitão da Cunha; Famílias nobres como os Chermont, Barata, Antônio Teodorico da Silva Penna, Joaquim Marcelino Rosa, Joaquim Roberto da Silva o Visconde de Arary. Enquanto àqueles que pertencem aos pobres e anônimos estão enterrados nas áreas mais afastadas em modestas sepulturas.
Foto 3. Tipologia das sepulturas. Fernanda Alencar (2013) |
Foto 04. Alinhamento dos mausoléus ao longo do corredor central do cemitério. Fernanda Alencar (2013) |
“Uma cidade que cresce não se pode dar ao luxo criminoso de despersonalizar-se, destruindo os valores que a caracterizam”. (Mário Barata, 1963)Em 2007, o Iphan iniciou a elaboração do projeto de conservação, consolidação e restauração e adaptação do Soledade em Cemitério-Parque, concluído em 2009, pela empresa R2 Arquitetura e Urbanismo Ltda. A obra seria realizada com verba federal proveniente do programa PAC Cidades Históricas, mas a execução do projeto não saiu do papel porque a prefeitura possuía pendências com o Governo Federal que impediam a transferência dos recursos .
Em 2012 o MPF no Pará ajuizou ação em que pede à Justiça Federal que obrigue a prefeitura de Belém a restaurar o Cemitério, no entanto, segundo o procurador da República Bruno Araújo Soares Valente, a prefeitura não agiu de forma adequada a fim de garantir os recursos necessários ao cumprimento de sua obrigação legal, uma vez que se manteve inerte na adoção das medidas concretas na preservação do patrimônio tombado.
Obrigada por tão justa homenagem a este acervo da história da nossa atual cidade de Belém.
ResponderExcluirAgradeço as informações. Estou a levar meus alunos de Ensino Fundamental para uma aula de campo no mês de abril/2017.
ResponderExcluirUma verdadeira aula. Parabéns. Tenho a esperança que finalmente façam esta restauração pois qnd mais o tempo passa muito se perde.
ResponderExcluirSou apaixonado por história, e a história do meu povo é aquele mais me atrai.
ResponderExcluirSOU PARAENSE , ATUALMENTE MORO EM CURITIBA /PARANÁ . ESTOU FAZENDO MINHA GENEALOGIA E RECORDO QUANDO ERA CRIANÇA MINHA MAE LEVOU NOSSA FAMÍLIA PARA CONHECER UM TUMULO DE PARENTESCO NOSSO QUE É NA RUA CENTRAL NO TUMULO DE VICENTE RUIZ E CATARINA RUIZ . TENHO ESSA RECORDAÇAO ~, POR FAVOR ALGUÉM PODE ME AJUDAR SE É ISSO MESMO E QUAL É OS OUTROS NOMES QUE SE ENCONTRAM NO MESMO TUMULO .MUITO OBRIGADA.
ExcluirOlá, Creuza! O Cemitério da Soledade ficou fechado por quase dois anos, tendo sido reaberto em 11/1/2023 sob a denominação "Parque Cemitério Soledade". Os túmulos ganharam revitalização, com tratamento químico que tirou toda a sujidade encrustada ao longo de mais de 170 ~ 140 anos. Os mármores parecem novos! Encontrei o túmulo de seu antepassado, Vicente Ruiz, na passarela central e o fotografei. Pelo que pude ler na lápide, apenas ele foi enterrado ali, tendo sido o monumento arquitetônico mandado fazer pela esposa, d. Carolina Pinheiro Bolonha Ruiz. Ele era vice-cônsul de "Sua Majestade Católica" na província do Pará e faleceu aos 48 anos em 15 de setembro de 1852, tendo nascido em Biscaia, na Espanha. Por favor, me procure no facebook "belemdeoutrora", no instagram @belem_de_outrora ou no YouTube (https://www.youtube.com/@belemdeoutrora8161) e lhe enviarei as fotos. Espero ter ajudado. Grande abraço! Felipe Rissato.
ExcluirOlá, Felipe e Creuza! Agora fiquei confuso. Na certidão de óbito da minha bisavó Aurora Ruiz de La Rocque viúva de Franscisco de La Rocque, ela é filha de Vicente Ruiz e de Dona Maria Isabel Ruiz. Até onde sei o nome de solteira era Maria Isabel Klautau se não me falhe a memória. Já meu bisavô Francisco era Filho de João Luiz de La Rocque, não sei o nome de sua esposa. João Luiz, irmãos e sócios ganharam a licitação construção do Mercado de Ferro o famoso “Ver o Peso”. Se souberem o nome de sua esposa e de seus pais, eu agradeço de coração! Forte Abraço!
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