Júlio
César Mota de Negreiros[1]
Resumo
Este
trabalho tem como objetivo mostrar intervenções urbanas em zonas portuárias
brasileiras, destacando a intervenção feita na em Belém do Pará, fazendo alguns
comparativos com outras experiências internacionais. O estudo realizado, foi feito através de
visita de campo no segundo semestre de 2013 por acadêmicos do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
Abandono de Áreas Portuárias
Segundo
(VARGAS, 2006) as áreas portuárias tiveram suas funções reduzidas a medida que
os meios de produção de modernizaram, bem como sua tecnologia dos portos
logística de transporte e armazenamento de carga.
No
caso do porto de Belém ainda existiu a crise financeira com ciclo da borracha
em meados de 1930 (PONTE, 2007). Onde os galpões de ferro inglês criado no
início do século XX encontravam em degradação devido o processo de estagnação
sócio econômica, esses espaços passaram a ter ausência de pessoas causando
insegurança e aspectos de abandono.
Estação das Docas
Criada
a partir da restauração do porto de Belém, a estação das docas é considerada a
primeira janela para a baía do Guajará. (LIMA e TEIXEIRA 2006), o complexo
começou a ser elaborado em 1992 através de concurso de projetos para a
reutilização de armazéns na área portuária, projeto esse cancelado. Esse
projeto passou a ser obra de uma série de projeto de valorização do patrimônio
histórico edificado.
“A
intenção era alavancar a atividade turística em toda a região, tendo a antiga
áreas portuária como ícone da retomada do crescimento econômico do estado do
estado” (LIMA e
TEIXEIRA, 2006)
O
Projeto de revitalização foi retomado em 1997 com o objetivo de recuperar uma
área de aproximadamente 32 mil metros quadrados e 500 metros de orla, o espaço
foi arrendado ao Governo Estadual pela CDP (Companhia Docas do Pará) o convênio
foi feito por um período de 25 anos. O custo inicial da obra foi estimado em 18
milhões de reais, diferentemente do valor final que chegou a 25 milhões onde 19
milhões foram financiados pelo governo estadual e o restante, cerca de 6
milhões de reais, foi desembolsado pelos empresários na exploração comercial,
basicamente com despesas para instalações complementares ao funcionamento dos
restaurantes e lojas (Revista Ver-o-Pará, 2003, n° 25, pp.48).
“Seguindo
o exemplo de grandes centros como Nova York e Buenos Aires, Belém chega ao
século 21 provando que é possível restaurar centros históricos sem aprisionar
-se às glórias do passado”
(Paulo Chaves Fernandes, apud. Governo do Pará, 2003)
Inaugurado
em maio de 2000 o complexo fica localizado na Av. Boulevard, no centro
histórico da cidade, a Estação das Docas é sem dúvida um dos maiores atrativos
da cidade de Belém, o projeto que teve como objetivo revitalização de três
galpões de ferro construídos no iniciado século XX, com suas “janelas abertas”
para a Baía do Guajará, tem como autores o arquiteto Paulo Chaves e Rosário
Lima, os autores defenderam a adaptação histórica com redução nas intervenções
(CAMPOS, RODRIGUES, 2010).
Após
o processo de revitalização a gestão foi entregue a uma entidade sem fins
lucrativos: “Organização Social Pará 2000”, constituída com base na lei
5.690/96 e regulamentada pelo decreto 3.876/00, composta pela Secretaria
Executiva de Cultura e por diversos segmentos da sociedade.
O
complexo revitalizado e colocado à disposição da sociedade com os seguintes
usos (site estação das docas):
Galpão 1 - Boulevard das Artes
Encontra-se
a exposição permanente denominada "Memória do Porto", com fotografias
e objetos seculares, uma cervejaria e barracas artesanais, quiosques de comidas
regionais, cafeteria, bares e lojas de serviços.
Galpão 2 - Boulevard da Gastronomia
Espaço
destinado a gastronomia regional com comidas típicas que valorizando a
culinária local.
Galpão 3 - Boulevard das Feiras e
Exposições
Destinado
também a convenções, seminários, congressos e outros eventos ligados ao turismo
de negócios, com o apoio do teatro-cinema Maria Sylvia Nunes, que tem
capacidade para 426 pessoas.
Galpão 4
antigo Mosqueiro-Soure – continua a operar um terminal fluvial de embarque e
desembarque de passageiros, reconstruído sobre o flutuante Amazon River.
DRAGÃO DO MAR
De
acordo com o XII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL, que aconteceu em 2007 em Belém, podemos citar
outros panoramas de projeto de intervenções de zonas portuárias no Brasil. Onde
mostra o caso “Dragão do Mar” em Fortaleza que retrata os mesmo motivos de
apropriação do Governo do Estado de uma zona esquecida e abandonada para
impulso econômico e estimulo ao turismo.
“Complexo
formado por edificações interligadas por passarelas, situado entre o velho cais
da Praia de Iracema e o centro antigo de Fortaleza. Construído pelo Governo do
Estado, abriga salas de exposição, oficinas de arte, café, loja, salas de aula,
planetário, auditório, anfiteatro, salas de teatro e cinema e o Museu de Arte
Contemporânea do Ceará.”
XII Encontro.
RIO DE JANEIRO E RECIFE
No
Rio de Janeiro os projetos de intervenção em zonas portuárias teve início com
“A aprovação da Lei de Modernização dos Portos (Lei Nº 8.630, de 25/02/93), ao
permitir o arrendamento das instalações portuárias dando novo impulso à
revitalização da região” (Rose Compans). A zona portuária do Rio de Janeiro há
pelo menos duas décadas tem sido objeto de propostas, as mesmas só começaram
ser colocadas em prática com a vinda de eventos esportivos (Panamericano, Copa
e Olimpidas), os investimentos a serem feitos estima um valor de
aproximadamente 3 bilhões de reais, numa áreas de pouco mais de 3.177.000 m², e
serão financiado pelo governo e iniciativa privada (Rose Compans).
O
Plano de Revitalização e Reestruturação da Zona Portuária engloba:
reestruturação do sistema viário; implantação de VLT (Veículo Leve sobre
Trilhos) e sistema ciclo viário; recuperação de imóveis preservados; construção
de equipamentos culturais e de lazer; alteração da legislação para incentivar o
uso habitacional e de serviços; criação de linhas de microcrédito para
estimular a economia local.
Já
em recife os projeto teve o início em 2012 com então govenador do estado onde
na ocasião anunciou a revitalização de cerca de 1,5 km do porto de Recife-PE, a
intervenção tem como objetivo restaurar nove armazéns na antiga zona portuária
da cidade. O projeto servirá como parâmetro para a criação do Porto de Recife:
O Porto Novo do Recife, como será chamado, prevê a reforma a de nove antigos
armazéns onde serão desenvolvidos os mais variados tipos de serviços e
atividades. A ideia é que parte do investimento para realização do projeto
denominanado Porto Novo, de dois dos armazéns que abrigarão o Centro de Artes
anato de Pernambuco e Cais do Sertão Luiz Gonzaga, venha dos cofres dos
governos Estadual e Federal, e o restante, sete antigos galpões, serão arrendados
para iniciativa privada. Ao todo, estão
sendo investidos pouco mais de 27 milhões na obra.
O
projeto “Estação das Docas” serviu de referência para o projeto de
revitalização do porto de Recife, o projeto tem como autoria o mesmo arquiteto
idealizador do projeto de intervenção em Belém. O Arquiteto Paulo Chaves, a
obra é uns dos projetos que deverão estar prontos até a copa de 2014.
BIBLIOGRAFIA
PONTE, Juliano Pampola Ximenes
(2007). Cidade e água: Belém do Pará e estratégias de reapropriação das margens
fluviais. Em Arquitextos 085.02. p.1-1
VARGAS, Heliana, Comim e
CASTILHO, Intervenções em centros Urbanos: Objetivos, Estratégias, e Resultado.
Barueri: Manole, 2006
LIMA, José; TEIXEIRA, Luciana,
Janelas para o rio: Projeto de intervenção na orla urbana de Belém, Barueri:
Manole, 2006
COMPANS, Rose. Intervenções de
recuperação de zonas urbanas centrais: experiências nacionais e internacionais
CAMPOS, Bárbara Fortes,
RODRIGUES, Ísis Meireles. Teresina:UFPI, 2010
SITES:
[1]
Aluno matriculado de História da Arquitetura e Urbanismo no Brasil, curso de
Arquitetura e Urbanismo da UFT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário