O material publicado neste blog é resultado dos trabalhos desenvolvidos na disciplina História da Arquitetura e do Urbanismo no Brasil, do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Tocantins. Os temas dos artigos resultaram da Visita técnica realizada à cidade de Belém do Pará, nos dias 6 e 7 de dezembro de 2013, coordenada pela professora Patrícia Orfila, responsável pela disciplina.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Estação das Docas: Intervenções em Áreas Portuárias Brasileiras


Júlio César Mota de Negreiros[1]

Resumo
Este trabalho tem como objetivo mostrar intervenções urbanas em zonas portuárias brasileiras, destacando a intervenção feita na em Belém do Pará, fazendo alguns comparativos com outras experiências internacionais.  O estudo realizado, foi feito através de visita de campo no segundo semestre de 2013 por acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT).

Abandono de Áreas Portuárias
Segundo (VARGAS, 2006) as áreas portuárias tiveram suas funções reduzidas a medida que os meios de produção de modernizaram, bem como sua tecnologia dos portos logística de transporte e armazenamento de carga.
No caso do porto de Belém ainda existiu a crise financeira com ciclo da borracha em meados de 1930 (PONTE, 2007). Onde os galpões de ferro inglês criado no início do século XX encontravam em degradação devido o processo de estagnação sócio econômica, esses espaços passaram a ter ausência de pessoas causando insegurança e aspectos de abandono.

Estação das Docas
Criada a partir da restauração do porto de Belém, a estação das docas é considerada a primeira janela para a baía do Guajará. (LIMA e TEIXEIRA 2006), o complexo começou a ser elaborado em 1992 através de concurso de projetos para a reutilização de armazéns na área portuária, projeto esse cancelado. Esse projeto passou a ser obra de uma série de projeto de valorização do patrimônio histórico edificado.
“A intenção era alavancar a atividade turística em toda a região, tendo a antiga áreas portuária como ícone da retomada do crescimento econômico do estado do estado” (LIMA e TEIXEIRA, 2006)
O Projeto de revitalização foi retomado em 1997 com o objetivo de recuperar uma área de aproximadamente 32 mil metros quadrados e 500 metros de orla, o espaço foi arrendado ao Governo Estadual pela CDP (Companhia Docas do Pará) o convênio foi feito por um período de 25 anos. O custo inicial da obra foi estimado em 18 milhões de reais, diferentemente do valor final que chegou a 25 milhões onde 19 milhões foram financiados pelo governo estadual e o restante, cerca de 6 milhões de reais, foi desembolsado pelos empresários na exploração comercial, basicamente com despesas para instalações complementares ao funcionamento dos restaurantes e lojas (Revista Ver-o-Pará, 2003, n° 25, pp.48).
“Seguindo o exemplo de grandes centros como Nova York e Buenos Aires, Belém chega ao século 21 provando que é possível restaurar centros históricos sem aprisionar -se às glórias do passado” (Paulo Chaves Fernandes, apud. Governo do Pará, 2003)
Inaugurado em maio de 2000 o complexo fica localizado na Av. Boulevard, no centro histórico da cidade, a Estação das Docas é sem dúvida um dos maiores atrativos da cidade de Belém, o projeto que teve como objetivo revitalização de três galpões de ferro construídos no iniciado século XX, com suas “janelas abertas” para a Baía do Guajará, tem como autores o arquiteto Paulo Chaves e Rosário Lima, os autores defenderam a adaptação histórica com redução nas intervenções (CAMPOS, RODRIGUES, 2010).
Após o processo de revitalização a gestão foi entregue a uma entidade sem fins lucrativos: “Organização Social Pará 2000”, constituída com base na lei 5.690/96 e regulamentada pelo decreto 3.876/00, composta pela Secretaria Executiva de Cultura e por diversos segmentos da sociedade.
O complexo revitalizado e colocado à disposição da sociedade com os seguintes usos (site estação das docas):

Galpão 1 - Boulevard das Artes
Encontra-se a exposição permanente denominada "Memória do Porto", com fotografias e objetos seculares, uma cervejaria e barracas artesanais, quiosques de comidas regionais, cafeteria, bares e lojas de serviços.
Galpão 2 - Boulevard da Gastronomia
Espaço destinado a gastronomia regional com comidas típicas que valorizando a culinária local.
Galpão 3 - Boulevard das Feiras e Exposições
Destinado também a convenções, seminários, congressos e outros eventos ligados ao turismo de negócios, com o apoio do teatro-cinema Maria Sylvia Nunes, que tem capacidade para 426 pessoas.
Galpão 4 antigo Mosqueiro-Soure – continua a operar um terminal fluvial de embarque e desembarque de passageiros, reconstruído sobre o flutuante Amazon River.

DRAGÃO DO MAR
De acordo com o XII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL, que aconteceu em 2007 em Belém, podemos citar outros panoramas de projeto de intervenções de zonas portuárias no Brasil. Onde mostra o caso “Dragão do Mar” em Fortaleza que retrata os mesmo motivos de apropriação do Governo do Estado de uma zona esquecida e abandonada para impulso econômico e estimulo ao turismo.
“Complexo formado por edificações interligadas por passarelas, situado entre o velho cais da Praia de Iracema e o centro antigo de Fortaleza. Construído pelo Governo do Estado, abriga salas de exposição, oficinas de arte, café, loja, salas de aula, planetário, auditório, anfiteatro, salas de teatro e cinema e o Museu de Arte Contemporânea do Ceará.” XII Encontro.

RIO DE JANEIRO E RECIFE
No Rio de Janeiro os projetos de intervenção em zonas portuárias teve início com “A aprovação da Lei de Modernização dos Portos (Lei Nº 8.630, de 25/02/93), ao permitir o arrendamento das instalações portuárias dando novo impulso à revitalização da região” (Rose Compans). A zona portuária do Rio de Janeiro há pelo menos duas décadas tem sido objeto de propostas, as mesmas só começaram ser colocadas em prática com a vinda de eventos esportivos (Panamericano, Copa e Olimpidas), os investimentos a serem feitos estima um valor de aproximadamente 3 bilhões de reais, numa áreas de pouco mais de 3.177.000 m², e serão financiado pelo governo e iniciativa privada (Rose Compans).
O Plano de Revitalização e Reestruturação da Zona Portuária engloba: reestruturação do sistema viário; implantação de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e sistema ciclo viário; recuperação de imóveis preservados; construção de equipamentos culturais e de lazer; alteração da legislação para incentivar o uso habitacional e de serviços; criação de linhas de microcrédito para estimular a economia local.
Já em recife os projeto teve o início em 2012 com então govenador do estado onde na ocasião anunciou a revitalização de cerca de 1,5 km do porto de Recife-PE, a intervenção tem como objetivo restaurar nove armazéns na antiga zona portuária da cidade. O projeto servirá como parâmetro para a criação do Porto de Recife: O Porto Novo do Recife, como será chamado, prevê a reforma a de nove antigos armazéns onde serão desenvolvidos os mais variados tipos de serviços e atividades. A ideia é que parte do investimento para realização do projeto denominanado Porto Novo, de dois dos armazéns que abrigarão o Centro de Artes anato de Pernambuco e Cais do Sertão Luiz Gonzaga, venha dos cofres dos governos Estadual e Federal, e o restante, sete antigos galpões, serão arrendados para iniciativa privada.  Ao todo, estão sendo investidos pouco mais de 27 milhões na obra.
O projeto “Estação das Docas” serviu de referência para o projeto de revitalização do porto de Recife, o projeto tem como autoria o mesmo arquiteto idealizador do projeto de intervenção em Belém. O Arquiteto Paulo Chaves, a obra é uns dos projetos que deverão estar prontos até a copa de 2014.

BIBLIOGRAFIA
PONTE, Juliano Pampola Ximenes (2007). Cidade e água: Belém do Pará e estratégias de reapropriação das margens fluviais. Em Arquitextos 085.02. p.1-1
VARGAS, Heliana, Comim e CASTILHO, Intervenções em centros Urbanos: Objetivos, Estratégias, e Resultado. Barueri: Manole, 2006
LIMA, José; TEIXEIRA, Luciana, Janelas para o rio: Projeto de intervenção na orla urbana de Belém, Barueri: Manole, 2006
COMPANS, Rose. Intervenções de recuperação de zonas urbanas centrais: experiências nacionais e internacionais
CAMPOS, Bárbara Fortes, RODRIGUES, Ísis Meireles. Teresina:UFPI, 2010
SITES:



[1] Aluno matriculado de História da Arquitetura e Urbanismo no Brasil, curso de Arquitetura e Urbanismo da UFT.

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