Mayana Amaral Monteiro¹
Mangueiras
de Belém
Ai!
Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
O rio se curva e te oferta
um branco buquê de espuma.
A noite deita nos becos
e a cuia da lua derrama.
Quem te vê e não te ama?
O rio se curva e te oferta
um branco buquê de espuma.
A noite deita nos becos
e a cuia da lua derrama.
Ai!
Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Ruas de anjos com asas
de verde beleza arcana.
Ai! Mangueiras da Cidade,
que o sol esculpiu na sombra,
por vós o poeta implora,
por vós a poesia clama…
Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Quem te vê e não te ama?
Ruas de anjos com asas
de verde beleza arcana.
Ai! Mangueiras da Cidade,
que o sol esculpiu na sombra,
por vós o poeta implora,
por vós a poesia clama…
Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Por
que vagam na cidade
assassinos de mangueiras,
matando-as por querer
ou matando de encomenda,
matando à sombra da lei,
essa lei sem lei, sem lenda?
Essa triste lei da morte
que tem na morte sua vida.
Não deixem que passe impune
esse crime, essa desdita.
Fotografem, multipliquem
vosso “não” pela internet,
pelos blogs, no youtube,
nos orkuts, nos e-mails,
nas asas dos passarinhos
que estão perdendo seus ninhos,
no peito dos que se amam,
nos muros e nos caminhos…
assassinos de mangueiras,
matando-as por querer
ou matando de encomenda,
matando à sombra da lei,
essa lei sem lei, sem lenda?
Essa triste lei da morte
que tem na morte sua vida.
Não deixem que passe impune
esse crime, essa desdita.
Fotografem, multipliquem
vosso “não” pela internet,
pelos blogs, no youtube,
nos orkuts, nos e-mails,
nas asas dos passarinhos
que estão perdendo seus ninhos,
no peito dos que se amam,
nos muros e nos caminhos…
Quem
pode lavar a mão
olhando esse arvorecido?
Que frutos hão de brotar
nos galhos da solidão?
Que é feito do coração
desses que sem piedade
arrancam pela raiz
as raízes seculares
da alma desta cidade?
olhando esse arvorecido?
Que frutos hão de brotar
nos galhos da solidão?
Que é feito do coração
desses que sem piedade
arrancam pela raiz
as raízes seculares
da alma desta cidade?
Ai!
Mangueiras de Belém!
Anjos de verde folhagem,
que fazem sombra com as asas
mas são em poste enforcadas.
Verdes berlindas de mangas
no Círio de cada dia.
Campanários de andorinhas
nos corais da ave-maria.
Anjos de verde folhagem,
que fazem sombra com as asas
mas são em poste enforcadas.
Verdes berlindas de mangas
no Círio de cada dia.
Campanários de andorinhas
nos corais da ave-maria.
Ai!
Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Tua leve melancolia
presa em gaiolas de chuva.
Teu dia, garanhão de auroras
tua noite sempre viúva…
Belém, donzela das águas,
no rio do verso encantada.
Oh! Barca de verdes velas,
no Ver-o-Peso aportada.
Quem te vê e não te ama?
Tua leve melancolia
presa em gaiolas de chuva.
Teu dia, garanhão de auroras
tua noite sempre viúva…
Belém, donzela das águas,
no rio do verso encantada.
Oh! Barca de verdes velas,
no Ver-o-Peso aportada.
Fonte:
Poesia João de Jesus
Paes Loureiro
Fonte: Mayana Amaral
Monteiro/2013
Esse artigo proposto pela
professora de arquitetura e urbanismo, Patrícia Orfila, tem como finalidade
ampliar os conhecimento da turma de História da Arquitetura e Urbanismo no
Brasil, sobre Belém do Pará, uma cidade localizada no norte do Brasil, região amazônica e que possui uma
cultura rica cheia de histórias, monumentos e atrativos turísticos. A sua
iniciativa nos oportunizou visitar e
conhecer essa bela cidade, dando-nos a opção de escolha do tema a ser abordado.
Belém foi fundada pelos
portugueses em 12 de janeiro de 1616, quando uma expedição chefiada por
Francisco Caldeira Castelo Branco chegou a ela, partindo do Maranhão pelos
braços do rio Amazonas. E somente 39 anos depois foi elevada à categoria de
cidade, primeiro com o nome "Nossa Senhora de Belém", depois
"Santa Maria de Belém do Grão Pará" e, por fim, Belém. (DI PAOLO, 2006)
Com Flora e fauna rica,
típica da região amazônica, Belém também possui um clima bem peculiar. Quente e úmido, e com chuvas que cai por um curto
período quase todos os dias do ano, no final das tardes. A temperatura mínima é
de cerca de 30°C e a máxima chega a 42°C, especialmente entre julho e novembro.
A umidade relativa do ar está sempre em torno de 98%.
Fonte: Mayana Amaral Monteiro/2013
Como é agradável quando andar
a pé pelas calçadas do centro de Belém, mesmo com um clima equatorial, as
sombras das mangueiras fazem um bloqueio que nos protege da insolação e do
calor.
As mangueiras de Belém são
consideradas patrimônio histórico, segundo a Lei de Patrimônio Histórico, n°
7.709, de 18 de maio de 1994 no Capítulo VII, Art.52.
As mangueiras e sumaumeiras
(Mangífera índice e Ceiba Sumahuma respectivamente) existentes nos logradouros
públicos do Município de Belém, integram o patrimônio histórico e ambiental da
cidade. (IPHAN)
Na lei, as mangueiras já
estão protegidas, mas não depende só dela para que o desenvolvimento dessas
árvores siga adiante. O governo e a sociedade também devem contribuir para a
preservação desse patrimônio. E é sobre as mangueiras que esse artigo tratará.
Acredita- se que essa esse
patrimônio foi uma das maiores políticas de arborização na Amazônia, feita pelo
intendente Antônio Lemos, no início do século XX. Foram espalhadas dezenas de
mangueiras pelo centro urbano da cidade, cujas mudas foram trazidas do sul da
Ásia, com a intenção de purificar o ar e, principalmente, diminuir o impacto
climático tropical aos habitantes de Belém. Infelizmente
ele não pode vê-las em estágio adulto, atualmente a arborização recobre 30% da
cidade.
Antonio lemes está na memória do povo
paraense, como o maior administrador municipal. Um homem com as raízes no
Estado do Maranhão, mas que chegou à capital paraense, ainda naquela época
Santa Maria de Belém do Grão-Pará, como soldado da Marinha do Brasil. Começou a
vida política no então Partido Republicano, no qual também exerceu o cargo de
secretário. Antônio José Lemos é detentor do título de mais poderoso e
recorrente mito político da Amazônia. Segundo a professora da Universidade
Federal do Pará (UFPA), Maria de Nazaré, foi ele quem idealizou, e começou a
pôr em prática, o projeto de uma Belém com tons e ares europeus. (MONTENEGRO, 2010)
Em uma parte do livro em que
escreveu, Lemos elogia o diretor dos parques e jardins da época, o senhor
Eduardo Hass, e ainda descreve algumas praças e parques construídos em sua
gestão.
Não me deterei de a
repetir descripções das formosíssimas praças da Capital paraense, dignas de
nosso progressos encanto de seus visitantes, refrigério de que quem as busca,
mesmo às horas mais cálidas do dia. (...) Salientarei apenas que o notável
desenvolvimento da arborização, no período de doze meses, imprimiu aos nossos
futuros parques urbano um aspecto lindíssimo, promissor das grandes belezas que
apresentarão em futuro bem próximo. (LEMOS, relatório de 1906 – p.195)
Ainda cita as mangueiras
como fora o tratamento com as mangueiras
Todas as mangueiras
circulares foram regadas com guano liquido, dando este adubo os melhores
resultados. (LEMOS, relatório de 1906 – p.196)
Os parques e praças de
Belém
Fonte: LEMOS. O
Município de Belém
Belém, 'Cidade das
Mangueiras', tem cerca de 12 mil árvores que dão o título à capital paraense,
como aponta a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). Porém, muitas
dessas árvores não estão em bom estado, a começar pelas raízes comprometidas
pelo asfalto, concreto, tubulações e cabos subterrâneos. Do alto dos prédios
dos bairros mais arborizados é possível
ver que as copas estão tomadas por erva de passarinho. Por serem vegetais de
grande porte, que passam dos oito metros de altura, o cuidado preciso ser
constante. Especialistas acreditam que se forem mais bem cuidadas, as árvores que começaram a
ser plantadas no século XVIII
por Antônio Lemos para produzir sombra, podem durar muitos
anos mais e a cidade jamais perderá o título. A população, que não vive sem os
frutos que caem pelas ruas e calçadas (e sem o risco que uma manga cadente
representa para carros e cabeças) também pede que todas as mangueiras sejam bem
cuidadas se for para dar um presente a Belém. Uma de 80 anos foi perdida na
última quarta-feira, 9, por conta de um vazamento na tubulação de água causado
pelas raízes do vegetal. Uma remoção foi necessária. (FURTADO, 2013)
Mas
há controversas, do começo do plantio das mangueiras. Como explica o doutor em
História Social Urbana Fabiano Homobono, professor da Universidade Federal do
Pará.”Muito antes, ainda no século XVIII, Landi já fazia experimentos com a
implantação de mangueiras e o título já começou a ser usado desde a primeira
leva plantada. E esse nome foi dado por viajantes e cientistas que passavam por
onde hoje é a avenida Nazaré e viam todas as mangueiras. Lemos apenas expandiu”,
disse. Homobono observa que hoje arquitetos e paisagistas não usam mais essas
árvores por serem muito perigosas. Primeiro pelo tamanho que alcança, pois algumas
espécies podem chegar a 40 metros (as espécies usadas em Belém chegam em média
a oito metros). Os frutos caem dessas alturas e se tornam um risco. As raízes
se expandem muito e danificam calçadas. 'Porém nada disso se pensava naquela
época. Infelizmente, hoje perdemos muitas porque caíram com o vento ou foram
removidas por apresentarem risco de queda. O calçamento hoje é inadequado para
elas. Por isso nossas mangueiras precisam ser cuidadas. É nosso patrimônio e o
turismo tem esse foco da Cidade das Mangueiras', ressaltou. (FURTADO, 2013)
No livro O Problema da queda Acidental das
Mangueiras, dos engenheiros agrônomos Batista Benito e Vicente Haroldo, de 1969
que já abordava o assunto como uma preocupante situação.
Em
sua expressão mais simples, o problema se resume em decidir se as quedas
verificadas foram efeitos de causas
isoladas, devida as circunstâncias particulares, ou se um fenômeno
generalizado, cuja tendência seria a de agravar se com o decorrer do tempo e
nesse caso como conseqüência da senilidade em função da idade das árvores. (BENITO;
HAROLDO,1969, p. 5)
Já foram feitos vários estudos sobre as mangueiras, a maneira de crescimento, o local apropriado e o tamanho influenciam na continuidade de plantio dessas árvores. E foi constatado que o envelhecimento delas as compromete e as tornam mais frágeis.
Nestas condições,
tudo leva a concluir que o problema das
quedas acidentais tenderá a agravar se no decorrer dos anos. (BENITO; HAROLDO,1969, p. 17)
Fonte:
BENITO;VICENTE.
O problema da queda acidental de
mangueiras em Belém
Conclui se que, as mangueiras oferecem vantagens
e desvantagens, independente de quem as trouxe, elas nos protegem do sol e
ainda dão alimento as pessoas e animais porem sua manutenção é muito trabalhosa
e às vezes ocorrem alguns acidentes. Para que isso seja amenizado, existem
diversos grupos que estão com projetos de preservação e manutenção das
mangueiras juntamente com o poder público e os moradores da cidade, essas
famosas mangueiras poderão levar suas histórias por muito mais séculos.
UFPA Fonte: Mayana Amaral
Monteiro/2013
REFERÊNCIAS
BENITO,Batista ; VICENTE,Haroldo. O problema da queda
acidental de mangueiras em Belém. Instituto de Pesquisa e Experimentação
Agropecuárias do Norte, 1969. Disponível em: <http://ufpadoispontozero.wordpress.com/2013/11/11/o-problema-da-queda-acidental-de-mangueiras-em-belem/>. Acesso em: 27/01/2014.
DI PAOLO, Darcy Flexa. Belém Cidade das Mangueiras. Cortez Editora, 2006. Disponível em: <http://educampoparaense.org/site/media/biblioteca/pdf/Belem%20_%20Cidade%20das%20Mangueiras.pdf>.
Acesso em: 27/01/2014.
FURTADO, Victor. Belém, eterna Cidade das Mangueiras. Fonte Jornal Liberal- atualidades 12-01-13. Disponível em: <http://www.orm.com.br/projetos/oliberal/interna/?modulo=247&codigo=626133>.
Acesso em: 27/01/2014.
IPHAN. Lei de patrimônio histórico, n° 7.709, de 18 de maio de 1994 Disponível em: < http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=205>. Acesso em: 27/01/2014.
LEMOS, Antônio. O Município de Belém. Arquivo da Intendência Municipal, 1907. Disponível em: < http://ufpadoispontozero.wordpress.com/2013/10/02/o-municipio-de-belem-relatorio-de-antonio-lemos-1907/>. Acesso em: 27/01/2014.
LEMOS, Antônio. O Município de Belém. Arquivo da Intendência Municipal, 1907. Disponível em: < http://ufpadoispontozero.wordpress.com/2013/10/02/o-municipio-de-belem-relatorio-de-antonio-lemos-1907/>. Acesso em: 27/01/2014.
MONTENEGRO, Will. Antonio Lemos deu um
passo ao futuro. Fonte Amazônia Jornal. Disponível em: <http://www.ufpa.br/historia/index.php?option=com_content&view=article&id=30:antonio-lemos-deu-um-passo-ao-futuro-b>. Acesso em: 27/01/2014[1] Acadêmica matriculada no 5° período do Curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Tocantins, e que está cursando a disciplina de História da Arquitetura e Urbanismo no Brasil.
Uma boa referência. Obrigado.
ResponderExcluir