Por Rafael Sampaio[1]
Universidade Federal do
Tocantins, Palmas – TO
Resumo
De uma forma
simples e clara, este trabalho mostra um estudo prévio de avaliação do
benefício que a Praça da República de Belém pode trazer aos habitantes da
cidade. Pretende-se iniciar a responder de que forma esta área pode estar
influenciando na qualidade de vida das pessoas e socialmente.
Palavras chaves: Lazer. Praça-da-República.
Benefício.
“Belém do sol e
da chuva
Cidade linda e faceira
E é também conhecida
Por cidade das
mangueiras”
(SOUZA, Ducarmo)
Introdução
Em uma forma bastante ampla de se
definir, praça é qualquer espaço público urbano livre de edificações e que
propicie convivência e recreação para seus usuários. Normalmente o que se
entende no sentido de praça varia população para população, de acordo com a
cultura de cada lugar. Em geral esse tipo de lugar está associado à ideia de
haver prioridade ao pedestre e não aos carros, mas esta não é uma regra de
fato. No Brasil, a ideia de praça
normalmente está associada à presença de ajardinamento, sendo os espaços conhecidos por “largos”, que correspondem à ideia que se tem de praça em países como a Itália, a Espanha e Portugal. Neste sentido, um
largo é considerado uma "praça seca".
Belém, como metrópole, tem uma
rotina muito corrida onde as pessoas não tem tempo para nada. Um fator
determinante para a introversão social de seus moradores. Visto que não é por
falta de áreas destinadas ao lazer que isso ocorre. A cidade é cheia de praças
e parques, dos mais variados e de fácil acesso, tendo um dos mais belos bem no
centro da capital.
A Praça Da República, um dos
pontos mais bonitos de Belém, ganha vida no meio de uma paisagem cinza, com
suas exuberantes mangueiras que formam um extenso túnel de grande magnitude
plástica ao seu redor. Proporcionando melhorias no ambiente excessivamente
impactado da cidade e benefícios para os habitantes da mesma.
Referência Histórica
No início tinha o nome de Largo da
Campina, era apenas um grande terreno descampado. Tendo utilidade depois, no
início do século XVIII, como depósito de pólvora, onde foi construído um imenso
armazém ali, renomeando a para Largo da Pólvora. Com a inauguração do Teatro da
Paz, em 1878, houve uma urbanização, porém modesta. Seu nome definitivo veio
com a troca de regime: “Praça da República”.
O governador Justo Chermont idealizou a construção de um monumento em
homenagem à república
em 1889. A pedra fundamental foi
colocada no ano seguinte, mas foi um concurso que decidiu a forma do monumento.
A vencedora foi Michele Sebastiano. A primeira tentativa de urbanização
da Praça foi em 1801, com o intendente de Belém,
Arthur Índio do Brasil. Ele fez o calçamento nas suas avenidas, cimentou os
passeios, colocou chafarizes e bancos e ajardinou as alamedas.
Porém, foi Antônio Lemos, em 1878, que fez a Praça da
República merecedora do título “belíssima”. Lemos fez sérias críticas ao projeto
urbanístico da praça no relatório ao conselho de intendência municipal. Chamou
o ajardinamento do local de “aleijão da arte de floricultura com canteiros de mais de um metro de altura,
alinhados perpendicularmente, com simetria fatigante, que irritavam a
transeunte mais calmo”. Ele modificou completamente a aparência do logradouro,
trocando, inclusive, a pavimentação das ruas que limitavam a praça por
paralelepípedos.
O Lazer Como Benefício
A praça consiste em um dos mais
importantes espaços públicos urbanos da cidade, tendo, desde os tempos da Belle Époque[2], desempenhado um papel fundamental no
contexto das relações sociais. É portando, um centro, um ponto de convergência
da população que a ela recorre para o ócio, para comerciar, trocar ideias, para
encontros românticos ou até mesmo, políticos. Para o desempenho da vida urbana
ao ar livre. Não só em relação ao paisagismo, mas arquitetonicamente, ainda
preserva o Bar do Parque, que antigamente era frequentado por pessoas da elite
para tomar chá, depois sendo frequentado por boêmios e hoje se tornando um
ponto de encontro local e turístico. O Teatro da Paz, que originalmente se chamava
Teatro Nossa Senhora da Paz, nome dado em homenagem ao fim da guerra do
Paraguai, da praça, que foram implementados devido ao processo de urbanização
da cidade seguindo o modelo europeu imposto na época.
Os benefícios
trazidos pelas praças públicas decorrem tanto da vegetação que pode ser
abrigada por elas, quanto de aspectos subjetivos relacionados à sua existência,
como a influência positiva no psicológico da população, proporcionada pelo
contato com a área verde e/ou pelo uso do espaço para o convívio social. A
vegetação urbana atua ainda, de forma direta, no conforto ambiental. Dentre as vantagens
proporcionadas pelo uso da vegetação, destacam-se a melhoria microclimática, que
é a interceptação da radiação solar, o efeito sobre a umidade do ar e diminuição
da velocidade dos ventos; a diminuição da poluição; contribuição para o
conforto lumínico, que proporcionam sombra e atuam como barreiras contra o
ofuscamento das luzes; a barreira acústica, que quando a vegetação utilizada
for densa. Além destas vantagens diretas, a vegetação atua beneficamente
na sensação de bem estar e na qualidade de vida daqueles que desfrutam do
ambiente coberto por espécies vegetais.
Os valores
ambientais dizem respeito ao espaço livre ocupado pelas praças que permite:
melhoria na ventilação e aeração urbana; melhoria da insolação de áreas mais adensadas;
as árvores promovem o sombreamento das ruas e seus canteiros não irradiam tanto
calor como o asfalto ou piso de concreto, propiciando o controle da temperatura;
a cobertura vegetal permite a melhoria na drenagem das águas pluviais e a proteção
do solo contra a erosão.
Os
valores funcionais correspondem à importância que muitas praças têm como as principais, senão únicas,
opções de lazer urbano. Estas áreas servem como ponto de encontro, local aberto
para apreciação da paisagem, além de disporem, muitas vezes, de
outros atrativos destinados ao lazer da população.
A sua função social está
intimamente ligada com a possibilidade de lazer que esta área oferece a
população. Seja pelo paisagismo, promovendo melhorias estéticas e no clima da
cidade; pelas atividades culturais, que no local é muito rico; esporte, tendo
em vista que é um lugar propício para atividades físicas, com áreas extensas;
ou até mesmo só para relaxar, sentado a sombra escutando uma boa música,
conhecendo a feira que acontece todo domingo com produtos dos mais variados, de
comida a artesanato, de roupa a brinquedos, entre outros; até mesmo internet
grátis, um dos projetos q a UFPA implementou ultimamente.
Assim como o arquiteto paisagista Frederick Law Olmsted (1822-1903) que
acreditava que introdução dos elementos presentes na vida rural (espaço,
insolação, ventilação) na organização do tecido urbano, criaria na metrópole um
locus[3]
ideal para o homem. Dentre seus trabalhos, em destaque a construção do Central
Park. O arquiteto defendia que a ideia de que os espaços livres (especialmente
os parques) deveriam ser considerados como um elemento de integração social,
uma vez que diferentes classes sociais poderiam conviver, criando um espaço
gregário (para os grandes grupos) e de vizinhança (fomentando as relações
familiares e de amizade).
A Praça da República que no seu
início foi feita para a alta sociedade de Belém, hoje, tem um público bastante
diferente, estilos completamente diversificados. Não se tem um publico alvo
específico. Tendo em vista que todos a utilizam, não da mesma forma, mas acabam
utilizando para o mesmo fim.
Ter um lugar para onde fugir dessa
rotina louca da cidade é extremamente importante. Um lugar onde se podem levar
os seus filhos, visto que hoje em dia os pais já não passam mais tanto tempo
com eles e são criados presos do mundo exterior nessas fortalezas chamadas
condomínios. Um local onde se pode conversar com uma pessoal, simplesmente por
conversar, sem estar correndo no trânsito ou nos grandes corredores de pedra
que os prédios formam na cidade.
O lugar deve ser vivido, deve se
tornar a válvula de escape do dia a dia intenso da metrópole. As pessoas
precisam de um local como esse e a maioria, apesar de terem, não aproveitam,
não tiram dali os benefícios q lhes são oferecidos.
Considerações Finais
Os espaços construídos
transformam-se constantemente. A paisagem q foi ontem não será a mesma de hoje,
que provavelmente mudará amanhã. Com o passar dos anos o tempo deixará
impregnado nas edificações sejam elas arquitetônicas ou até mesmo naturais, os
usos, costumes e modismos de sua época. O lazer q a praça oferece é essencial
para uma melhor qualidade de vida dos cidadãos em que os mesmos devem cuidar
dela como se fosse sua casa. Um espaço que está sendo preservado justamente
para servi-los da melhor maneira possível e que se deve manter a continuidade.
Enfim, a Praça é um local de pluralidade. Pluralidade esta
que se estende ao público que a utiliza e as formas de comércios que ela
possui, e que pode se percebido, mais claramente, aos domingos, quando hippies,
punks, evangélicos, dançarinos de break e voluntários de Ong’s de animais
domésticos, circulam pelo mesmo espaço, entre outros públicos, que passeiam
pela feirinha montada na calçada, onde se vende desde artesanato a comidas
típicas da região. Afinal é a Praça da Republica, a praça de todos os públicos.
Referências Bibliográficas
Transcodificações Urbanas (30 de Janeiro de 2014) http://www.monumentosdebelem.ufpa.br/
TV Liberal (30 de Janeiro de 2014) http://www.orm.com.br/tvliberal/revistas/verpara/
Monte Palavras (30 de Janeiro de 2014) http://montedepalavras.blogspot.com.br/2012/08/olmsted-e-cidade.html
[1]Acadêmico do Curso de Arquitetura e Urbanismo/UFT –
Campus de Palmas
[2] Expressão francesa que significa bela
época foi um período de cultura cosmopolita na história da Europa que começou no fim do século
XIX (1871) e durou até a
eclosão da Primeira Guerra
Mundial em 1914.
[3] A
palavra locus (plural loci) significa
"lugar" em latim.
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