O material publicado neste blog é resultado dos trabalhos desenvolvidos na disciplina História da Arquitetura e do Urbanismo no Brasil, do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Tocantins. Os temas dos artigos resultaram da Visita técnica realizada à cidade de Belém do Pará, nos dias 6 e 7 de dezembro de 2013, coordenada pela professora Patrícia Orfila, responsável pela disciplina.

segunda-feira, 17 de março de 2014

A ARTE DE VIAJAR




Foto: Turma de HAUB em visita técnica (Belém - PA)
Fonte: Acervo de HAUB/CAU/UFT 2013/2 (Dez/2013)


Apesar do semestre complicado, partido ao meio por greves, com manifestações por melhores condições de ensino e infraestrutura para o Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFT, bem como o desânimo de alguns professores e estudantes, destaco que a visita técnica de HAUB à cidade de Belém foi uma experiência muito importante para o processo de ensino e aprendizagem na formação de vocês. Ao longo da minha formação tive duas viagens marcantes na UFPa: uma a São Luís e Alcântara no Maranhão e outra para São Paulo, Bienal de Artes. De modo que, quando acesso tais memórias trago um sorriso no rosto, por saber o que realmente ficou da minha época de universidade: as amizades, as viagens e os projetos mais criativos.
Em Belém cada um de nós foi um flâneur que percorreu uma cidade com seu núcleo colonial peculiar, permeado por uma natureza exuberante que persiste, em meio ao desenvolvimento de 400 anos de história viva.
Peço desculpas se de alguma forma as minhas críticas quanto aos artigos foram inesperadas e um pouco duras para alguns de vocês, estou sempre procurando melhorar, mas sei que nunca agradarei a todos.
Muito obrigada por terem aproveitado a oportunidade desta viagem e, sobretudo, por terem retornado inteiros dela. O resultado desta visita me motiva a repetir a experiência e não perder a esperança na vida universitária, pelos tantos descasos que tenho presenciado com relação a educação neste país. Por fim, acredito que todo arquiteto deve viajar, sair da zona de conforto, percorrer novas paisagens, descobrir que a diversidade abre portas para a criatividade. 
 Indico uma leitura sobre A Arte de Viajar, do filósofo Alain de Botton, da qual retirei este trecho: 

" As viagens são parteiras do pensamento. Poucos locais são mais propícios a conversas do que um avião, um navio ou um trem em movimento. Há uma correlação quase estranha entre o que está diante de nossos olhos e os pensamentos que nos podem ocorrer: grandes pensamentos às vezes exigem grandes panoramas, novos pensamentos, novos lugares. Reflexões introspectivas que têm a propensão a bloquear-se recebem ajuda para prosseguir, com a passagem ininterrupta da paisagem. A mente pode relutar em pensar direito, quando pensar é tudo o que é preciso que faça. A tarefa pode ser tão paralisante como ter de contar uma piada ou imitar um sotaque a pedidos (...) A fim de horas de devaneios num trem, podemos ter a sensação de termos sido devolvidos a nós mesmos – ou seja, trazidos de volta ao contato com emoções e ideias de importância para nós. Não é necessariamente em casa o melhor lugar para encontrar nosso verdadeiro eu. A mobília insiste em que não podemos mudar porque ela não muda; o cenário doméstico mantém-nos atrelados à pessoa que somos na vida comum, mas que pode não ser quem somos na essência."[1]

Desejo que cada um de vocês conheça a cidade dos seus sonhos!

Patricia Orfila 
Palmas, 17 de março de 2014.




[1] BOTTON, Alain. A Arte de Viajar. São Paulo, Editora Rocco, 2002.